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sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Luz & sombra dos ciclos de Saturno-Netuno

Em junho de 2020, um cliente (consulente) veio a mim para pedir uma análise de mapa astral completamente diferente e inusitada, criativa. Ele já tinha conhecimento de astrologia naquele momento e queria que eu analisasse 4 anos seguidos de sua vida (2017-2020) em que seu mapa natal estava bombardeado pelos trânsitos de Saturno e Netuno. Bombardeado é a palavra certa, pois parecia um tempo de guerra interna, em que esse tipo de contexto astrológico costuma atuar e sinalizar uma grande desconstrução das bases internas e dos eixos de sustenção da vida. Uma espécie de dissolução do ego, do Eu interno e do mundo conhecido ao redor. Uma vivência transformadora.

Mas o inusitado não foi ele pedir essa análise extensa e profunda, mas criar um texto artístico, inspirado nas análises astrológicas de cada ano. Sugeri então, que fossem divididos entre a versão luz e a versão sombra, de alguém que caminha pelos anos vivendo essa travessia interna de uma vida em dissolução. Em princípio essa ideia deixou ele meio contrariado, já que o que queria mesmo era que o tema abordasse somente a versão sombra. Por fim, insisti que se o texto era meu, eu tinha que dar o meu toque pessoal (claro).

Até finalizar o texto (em que escrevi toda a versão luz durante uma madrugada em meio à pandemia e conclui a versão sombra dias depois) eu não tinha conhecimento do que ele havia vivido, porque era parte da proposta dele eu viver a minha inspiração de forma autônoma e praticamente sem referências. Só me disse que foi um tempo de forte (e densa) conexão espiritual com sua ancestralidade e pediu que o texto se chamasse INVOCAÇÃO.

Como Saturno e Netuno estão agora e já há um tempo no céu do momento juntos e conjuntos, bombardeado nossa vida coletiva, e assim ainda vão ficar por um certo período de tempo, resolvi ler esse texto novamente e sentir se deveria publicar. Tomei um susto, ao perceber que ele fala de vivências universais (arquetípicas), que podem ser aplicadas a qualquer um de nós, em qualquer momento do espaço-tempo, se estivermos também vivendo um contexto astrológico em que Saturno e Netuno estejam juntos, bombardeado nossa vida.

Então resolvi apresentar aqui este texto artístico, fruto de um surto de inspiração minha (o que é bem característico do meu processo criativo) em meio à pandemia:

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INVOCAÇÃO

1° ano

Luz: Neste ponto da caminhada da vida, surge um movimento duplo em que voltar às raízes é, ao mesmo tempo, mergulhar em um passado ancestral e se direcionar a um novo futuro. Um ponto de inflexão da vida, que permite à consciência a percepção de que o tempo é relativo e é no aqui-agora onde tudo acontece. Passado e futuro se fundem, como um canal de compreensão plena de tudo que constitui o presente: um presente. Aqui há um mistério, um desafio à consciência a vasculhar suas raizes, suas heranças, suas dores e delícias de ser e viver a si mesma, encarando tudo que a compõe. Como um ser multifacetado de diversas origens, despedaçadas em centenas de ancestrais, que se unem em um Eu, que agora aqui vive. Um Eu que busca se reencontrar consigo mesmo, ao buscar e juntar todos os pedacinhos de um passado perdido no tempo, em um quebra-cabeças bem encaixado com o agora. É neste ponto da caminhada, que surge uma nova composição de futuro, talvez inesperada e inusitada. Há uma disposição interna de que agora é preciso mergulhar nessas raízes, que parecem tão passadas e tão presentes. Há algo a se romper e algo a se unir, uma contradição que parece fazer todo sentido e sentido nenhum, mas que trouxe uma nova estrada a seguir e um outro horizonte a mirar. Um tempo novo se abre à sua frente, e anuncia que é tempo de escavacar o terreno de si mesmo e encontrar no escuro da noite, uma nova aurora. Mergulhar nas dores e encarar cada uma de frente: um Eu nu que se olha a si mesmo no olho do espelho de sua própria alma e desnuda as suas próprias dores, sem mais medo, porque já não há mais nada a esconder. Surge aqui um novo Eu, disposto a encarar esse despedaçamento da alma, em busca de se recompor (um dia) todo o quebra-cabeças de si mesmo, ao encontrar (finalmente) as peças que lhe faltavam. Assim começa uma nova jornada. 

Sombra: Há neste ponto, um acesso direto ao poder ancestral destrutivo, de tudo que não foi vivido nem superado na raiz coletiva-pessoal, de muitas vidas anteriores ao agora. O que pode levar o Eu a um processo instintivo e inconsciente (inconsequente) de invocar os mortos e tirar do armário os esqueletos de uma realidade paralela, sedenta de vingança ou compensação de todas as dores, que foram enterradas num passado mal-passado. Aqui encontra-se o gatilho da escolha por um caminho que (supostamente) se trilharia tranquilo sozinho e torna-se (à sua revelia) um caminho em conjunto, a toda raiz pessoal-coletiva, sedenta de reconhecimento e honrarias.

2° ano

Luz: Um novo caminho já se abriu e os primeiros passos já foram dados, agora a consciência segue firme em seu novo sentido. Não falta medo nem falta coragem, mas o novo é tão novo que começa a ir descascando essa alma, que segue sabendo que não será um caminho fácil. Por alguma razão, o mergulho para dentro mais parece um mergulho nas águas profundas do mar. Ou mais fundo ainda: no oceano de si mesmo. Um espaço infinito de múltiplas possibilidades e seres ora delicados ora assustadores, que ali coabitam em um meio muito incerto. Há sempre um perigo que ronda e sonda a consciência, o limite de onde começa e finda o Eu, que parece agora se decompor, trazendo uma sensação de fusão com o oceano de águas profundas (por ora turvas). Nesse infinito de si mesmo, surgem muitas dúvidas, incógnitas e mistérios. O encontro com o outro mais parece um delirante encontro com uma versão desconhecida e adormecida de um Eu, que nem sabe mais ser só eu. O outro chega tão encantador, com seu canto de sereia, que desnorteia toda tentativa de se manter são, nesse mundo onde agora tudo parece ser e acontecer em vão. Surge aí uma sensação de fragilidade, que em princípio nem existia, mais agora existe e é tão real, quanto o irreal de um mergulho no fundo do oceano mais profundo do Eu. Mesmo assim ele segue e (de surpresa) chega ao cerne da alma, e descobre que ali é exatamente o lugar em que também se pode brincar com o impossível, criar poderes mágicos, para lidar com todo ser ou susto que surgir pelo caminho. O caminho que não é mais um caminho, mas um mergulho no fundo de si mesmo, e é exatamente lá, onde é possível descobrir as mais belas pérolas, da essência do seu verdadeiro e secreto Eu. E assim atravessa mais uma etapa dessa jornada. 

Sombra: Abrem-se as portas aos infernos, que até então nem era sabido existir. Antes o que seria um mergulho, agora torna-se um afundar em terras movediças, onde não se sabe o amanhã. O tempo parece eterno, na dor de quem cava a cova de um ente querido, ou tão antigo, a ponto de nem se saber de sua existência. Mas que agora se faz aqui (sem remorsos) a cobrar uma dívida, que não era sequer sua. Abre-se um embate: um tempo de busca e fuga do que estava enraizado, e foi desenterrado como vivo, em uma realidade do agora infinito (um tempo sem tempo)... um embate ao reajuste cármico ancestral, de incorporação de um passado, que se faz presente; versus o Eu que busca estar liberto e viver o seu próprio Eu, sem amarras nem dívidas mal sanadas. É um tempo de dores sem delícias de ser quem se é. 

3° ano

Luz: Mesmo ainda nadando em águas turvas, agora é possível chegar (por vezes) à superfície e tomar novo fôlego. Um novo olhar para além e para se deixar ver terra firme ou ser livre logo à frente. Só mais alguns mergulhos (ainda profundos) serão inevitáveis, embora com novos recursos e novos olhares para si e para o outro. Chegou a hora de tomar decisões e findar processos, que já estão saturados de buscas. Soltar bagagens, que não pertencem mais nem ao Eu nem ao momento. São bagagens de outros (tempos e seres), muito antigas, que perdem hoje o sentido que um dia tiveram. Um novo tempo sempre pede novos trajes e bagagens, já que um Eu que tanto viveu, precisa se renovar (um dia) e recomeçar. A bússola interna indica agora um outro norte e um novo destino, para esse Eu tão guerreiro, que agora só quer sossego. Nessa travessia da vida, as turbulências nunca findam, mas sempre é possível chegar mais forte a uma nova tempestade, quando se viveu e sobreviveu a tantas tormentas. Aqui a alma se sente mais sofrida ou abatida, cansada de tanto lutar. Talvez seja momento de reconhecer, que o tempo passa e desgasta um tanto o coração juvenil de um Eu guerreiro. Chegou o momento de dar uma pausa e reconhecer todo o trajeto percorrido, olhar para trás e ver o quanto se ganhou nessa jornada, e olhar para frente com a maturidade de quem carrega menos peso. O tanto que se mergulhou em si mesmo e o tanto que se superou a si mesmo. Pensamentos vão levando à deriva a consciência à terra firme e a se sentir mais livre, com um novo norte. A liberdade nem sempre equivale à situação ao redor, mas a tudo que o Eu foi capaz de amadurecer e reconhecer, que é a própria mente quem liberta a alma de toda restrição inconsciente. E assim, ao fim dessa jornada, abre-se um novo tempo de transição. 

Sombra: Há que se dar fim a toda dor e mesmo quando o poço está mais fundo que todo fundo, há que se ver luz. O fundo é onde não resta mais nada: o que tinha que ser arrancado já o foi, o que tinha que ser destroçado já deixou em carne viva, a alma que segue viva. Mas é justo lá, no fundo do poço profundo, que se pega impulso: o Eu recobra forças de buscar (mesmo que ainda em sonho) a chegar à superfície. Ainda há todo o oceano a se percorrer e toda dor a se superar, mas é tempo de escolhas e retomadas. É tempo de findar buscas e dores agudas, que rasgaram a alma e tornaram a vida menos colorida. Há que se preparar para um novo rumo e um novo norte mais à frente, em terra firme para ser livre. 

4° ano

Luz: Surge aqui um novo norte, como redirecionamento final à jornada que se concluiu há pouco. Assim como um nó precisa unir duas pontas soltas, o novo destino busca ressignificar tudo o que veio à superfície, através dos mergulhos interiores, para assim jorrar esse conhecimento para o mundo. Surge naturalmente um movimento de verter os recursos internos em auxílio externo, a quem chega em busca de ajuda. Todo movimento de mergulho interior não foi em vão (embora muitas vezes parecesse que sim) e agora é possível compreender o sentido de tudo que foi vivido. A vida possui o seu próprio fluxo e permite chegar a sabedoria a quem precisa, gerando misteriosamente um elo entre aquele que muito viveu e aqueles que muito buscam saber viver. Claro que sabedoria não se ensina, mas a sabedoria de quem auxilia um outro, é que dá suporte para que esse outro Eu percorra seu próprio caminho, de encontro consigo. Unir essas pontas soltas, entre um ciclo que se finda e outro que inicia, é entender que o fim e o começo são partes fluidas de um mesmo processo. Saber percorrer essa transição, também faz parte da sabedoria sobre o tempo de cada coisa, percebendo que na natureza tudo é cíclico, e o fim de algo traz consigo o começo de um novo. Mesmo que muito se tenha vivido e muito se tenha sofrido, esse fôlego novo, que surge a cada começo de ciclo, é que mantém uma alma mestra seguindo na vida com o encanto de uma criança. Sempre se guiando e se motivando a deixar tudo seguir seu próprio caminho. Assim mais uma nova jornada se inicia. 

Sombra: Uma alma ferida nem sempre finda o que precisa de fim e nem sempre cura o que já está em tempo de cicatrizar. A ferida se mantém aberta e pode estar sempre purgando o que foi vivido e está antigo no agora. Um ciclo pode anunciar que findou o tempo de dor, mas a alma ferida pode não acompanhar o tempo e viver de lamento, por um outro tempo infinito de dor. Há que se abrir caminho no interno, para ser possível percorrer um novo caminho no mundo. Desatar nós de dores e se permitir unir fins e começos em novos laços, novas aberturas a surpresas, e ao acaso dessa nova jornada.


Clarissa Maia
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Fica aqui meus agradecimentos, pela proposta inusitada e pela confiança no meu trabalho (e capacidade de escrita artística), ao excêntrico e genial psicólogo André Feitosa (Andy).

Um abraço.

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

(Jung rindo da nossa lentidāo em entender o que ele fala..)



"Se deseja minha opinião sobre astrologia, posso dizer-lhe que me interesso há mais de 30 anos por esta atividade específica da mente humana. Como psicólogo, interesso-me sobretudo pela luz especial que o horóscopo lança sobre determinadas complicações do caráter. *Nos casos de um diagnóstico psicológico difícil, procuro muitas vezes um horóscopo para obter um outro ponto de vista, de um ângulo totalmente diferente. Devo dizer que constatei várias vezes que os dados astrológicos elucidaram certos pontos que eu não teria entendido de outra forma.* Com base nesta experiência deduzi que a astrologia é de interesse especial para o psicólogo, uma vez que ela contém uma espécie de experiência psicológica que chamamos "projeção" – isto significa que encontramos os fatos psicológicos como que nas constelações siderais. Disso se originou a idéia de que esses fatores derivavam dos astros, ainda que eles estejam em mera relação de sincronicidade com eles. Acredito que isto seja um fato bem curioso que lança uma luz peculiar sobre a estrutura da mente humana." 



CG Jung, em carta ao Prof. Ramanc, de 06/09/1947. Cartas Vol. II, Vozes.


 [ via @sidarta_cavalcante - amigo e eterno colaborador deste blog]



sábado, 10 de maio de 2025

O céu espelha a vida…

… e a vida espelha o céu.



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"Assim em cima como embaixo"

em latim 
"Ut supra, ita infra"

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Visão geral criada por IA para esta frase (vale à pena saber)

A frase "Como acima, assim abaixo" é um princípio hermético que, na prática, significa que existe uma correspondência entre o mundo físico e o mundo espiritual, e entre o macrocosmo (universo) e o microcosmo (o ser humano). Essa frase não é da autoria do Oráculo de Delfos, mas está ligada à sabedoria grega e ao hermetismo, uma tradição mística e filosófica que se desenvolveu a partir da antiguidade clássica.
Elaboração: 
O Oráculo de Delfos, um santuário dedicado ao deus Apolo, era um local onde as pessoas buscavam orientação divina sobre diversos assuntos. A famosa frase "Conhece-te a ti mesmo", gravada na entrada do santuário, é uma máxima que enfatiza a importância do autoconhecimento.
A frase "Como acima, assim abaixo" (ou "O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima") expressa a ideia de que o universo e o ser humano são semelhantes, com uma estrutura e um funcionamento semelhantes. A natureza, as leis físicas, as emoções e os pensamentos humanos refletem o funcionamento do universo como um todo.
Essa ideia é frequentemente associada à alquimia e ao hermetismo, que exploram a possibilidade de transformar a matéria e o espírito, usando o conhecimento da natureza como base. A frase é vista como uma chave para compreender a natureza e o próprio ser humano, e para alcançar a sabedoria e a iluminação.
Em resumo, a frase "Como acima, assim abaixo" é uma máxima que expressa a correspondência entre o mundo físico e o mundo espiritual, e que é frequentemente associada ao hermetismo e à alquimia, mas não é originária do Oráculo de Delfos. O Oráculo de Delfos é conhecido pela frase "Conhece-te a ti mesmo", que enfatiza a importância do autoconhecimento.

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Abril as portas para o novo mundo

•} ABRIL DE 2024: o mundo não gira, ele capota

Chegamos ao 1⁰ de abril mais surreal dos últimos tempos (e isso não é mentira), praticamente um salto quântico do tipo triplo mortal carpado de costas: apertem os cintos. Abril chega com o combo da nova temporada de Mercúrio retrógrado + eclipse solar colado a Quíron + Marte-Saturno + a conjunção Júpiter-Urano em Touro (que aconteceu pela última vez em 1941, no meio da 2ª Guerra Mundial) no mesmo dia da quadratura Sol-Plutão, finalizando o mês com Lua Cheia de Plutão e Mercúrio estacionário direto. Ufa! Um combo não muito saudável, bastante indigesto e propenso à intoxicação. Brincadeiras à parte, é isso mesmo, sem exageros.

Estamos diante de um momento em que o céu espelha uma Terra dando cambalhota e bastante a fim de redirecionar a história do planeta para novos caminhos. Para quem lê os astros, é possível ver com distanciamento um planejamento de médio a longo prazo, em que 2020 representou o desabamento, 2024 a reviravolta chocante e 2026 um novo começo (não necessariamente melhor... mas podemos trabalhar para isso). Esses são anos de muita turbulência no céu, indicando que na Terra temos uma humanidade atordoada, tentando se safar em meio a diversas correntes ideológicas em conflito e na esperança de sobreviver neste planeta (Gaia) que quer evoluir agora (não daqui a 100 anos, agora).


A partir de hoje teremos o desencadear de
um processo que parece vir para promover uma espécie de inseminação de um novo paradigma para a humanidade, um primeiro estágio desse embrião que irá nascer em algum momento futuro, trazendo esse novo mundo, essa nova formatação de mundo no qual iremos viver. Podemos experimentar nas próximas semanas uma sucessão de eventos em cascata, um puxando o outro, um encadeamento de surpresas e reviravoltas, tudo ladeado de ponta a ponta por Mercúrio retrógrado (hoje estacionário e entre 31 março-2 abril // 24-26 abril em seu grau máximo de caos). Como plano de fundo desse contexto, realmente ter Mercúrio andando para trás (no céu visto da Terra) só sinaliza a dificuldade que teremos em lidar racionalmente com os eventos que surgirão. Se já teremos eventos de sobra para chacoalhar nossa realidade durante o mês, ter esta retrogradação de Mercúrio agora é como se um filtro fosse colocado sobre o nosso olhar (tipo esses do Instagram), capaz de distorcer mais ainda a nossa capacidade de decifrar corretamente os eventos que estarão pipocando. Somente em maio, quando ele ficar direto e percorrer a zona de retrogradação novamente, iremos ter novas e esclarecedoras revelações sobre o que de fato aconteceu em abril. Provavelmente, agora e durante as próximas semanas muita coisa estará encoberta, disfarçada, camuflada, negada, misteriosa e corrompida, a verdade se fará vista posterior à retrogradação, após 25 abril 2024.

•} MERCÚRIO RETRÔ: seja gentil, ninguém está bem

Se todo movimento de Mercúrio no céu espelha na Terra o plano mental, a razão, a lógica e o lobo frontal do cérebro, o verbo, a escrita, a fala e todo tipo de comunicação, os equipamentos elétricos, eletrônicos e a aparelhagem tecnológica que sustenta o mundo atual, todos os meios e vias de transporte (na terra, água e ar), as trocas de toda forma, o comércio, os bancos, as transferências de dinheiro, a burocracia, os contratos, os acordos e o movimento cotidiano, as atividades rotineiras e a atenção que temos no dia a dia, tudo isso vai precisar de muito mais alerta do que de costume. Tudo que costumamos fazer no piloto automático, sem muita atenção ou reflexão, naquilo que já criamos rituais diários e que sempre costumam funcionar sem desgaste, é aí mesmo onde mora o problema, é aí onde devemos estar com nosso sinal de alerta ligado. Mercúrio retrógrado vem sinalizar que não podemos confiar na nossa sensação de que está tudo conforme o esperado, de que está tudo sob controle. Na verdade, podemos ter como mantra do período a frase: relaxe, nada está sob controle.

Dito isso, dito qual é o plano de fundo do mês, vamos para os pontos cruciais.

•} OVERDOSE DE MACHÕES//ÁRIES: o dragão encurralado

Eclipse Solar e Lua Nova em Áries (dia 8 abril) dando um abraço apertado em Quíron (tendo a Umbra e Penumbra do eclipse percorrendo os países da América do Norte, locais de sua maior força de atuação: México, EUA e Canadá) + Marte-Saturno (10 abril)

Leia mais aqui:

O impacto dos eclipses na vida terrestre poderia ser comparado a uma enorme sessão de acupuntura no corpo da Terra, como se microagulhas estivessem sendo aplicadas pontualmente nos locais onde existem emaranhados energéticos e bloqueios do fluxo natural de energia, tanto no corpo do planeta, como em pontos específicos da humanidade que aqui vive. Mesmo que as agulhas (eclipses) sejam capazes de atuar especificamente em alguns canais de energia, o corpo inteiro da Terra se beneficia com a liberação do fluxo nos meridianos antes bloqueados, por fim acontece uma liberação sistêmica. Eclipses atuam sinalizando onde é preciso colocar pontos de luz sobre as sombras, um mecanismo simbólico reverso (ou literal, tanto faz) ao que ocorre no céu, que é um ponto de sombra sobre a luz dos luminares (aqui acontece um jogo simbólico de luz e sombra em todos os aspectos da existência).


Os eclipses são fenômenos que sinalizam a abertura de aspectos muito rústicos e instintivos do funcionamento do planeta, aspectos capazes de abrir portais energéticos interdimensionais ou canais metafísicos reveladores e é por isso que às vezes podem surgir daí situações bizarras, excêntricas para nós aqui na 3ª dimensão (a dimensão do concreto). É importante entender que, nem sempre os eclipses trazem revelações lumínicas, cheias de amor e pureza, muito pelo contrário, geralmente o que fica escancarado são as verdades sombrias da natureza humana e mundana, com o propósito de trazer tomadas de consciência, insights e uma posterior iluminação. Há um teor muito forte de imprevisibilidade no período de eclipses, justamente por eles trazerem a força do sobrenatural, da metafísica da existência, da energia bruta do instinto da natureza para a mesa, servindo a humanidade com um banquete de episódios fora da caixa, fora do script no qual costumamos saborear a vida.

Este eclipse em especial vem em conjunção exata a Quíron, onde há um alinhamento no céu entre Sol-Lua-Nodo Norte-Quíron, todos em Áries (com o dispositor Marte aplicando conjunção a Saturno, os dois planetas maléficos juntos). Este quadro todo nos indica, de forma bem clara, que aqui na Terra a força do patriarcado estrutural e do masculino bélico pode insurgir com uma arrancada inesperada e incrivelmente destrutiva, uma avalanche de resistência do patriarcado decadente
(Quíron em Áries). Podemos ver agora eventos que retratem um novo fôlego desse movimento ultrapassado da "masculinidade tóxica” (e do recente neo-fascismo), que foi construído pela estrutura social humana dos últimos milênios, retratando e reproduzindo os eventos misóginos grotescos dos últimos 10 mil anos, contra as minorias e o feminino (feminicídio, violações, extermínio, etc). Este eclipse pode estar sinalizando que, aqui na Terra, as microagulhas de acupuntura (que estão sendo aplicadas sobre os pontos de bloqueios e emaranhados sistêmicos das correntes energéticas no planeta) estão focadas nas sociedades e culturas misóginas, em especial onde ocorre a Umbra do eclipse solar de 8 abril 2024: paises da America do Norte (México, EUA e Canadá). Este eclipse (19° Áries) é um espelhamento simbólico do eclipse solar de 14 outubro 2023 (21° Libra), que ocorreu junto ao início de todo o episódio mortífero em Gaza, ou seja, podemos ver neste mês novos capítulos desta tragédia que parece não ter fim, infelizmente.

Na minha opinião, este eclipse vem realmente dar muita força ao movimento de resistência em favor do neo-fascismo, em contraponto à atual avalanche feminista e anti-patriarcado, talvez com os absurdos da misoginia (ou anti-minorias) sendo escancarados e esfregados sem piedade na cara da humanidade. É uma características dos períodos de eclipse surgirem eventos em que a podridão submersa fica exposta aos quatro ventos, exalando todo o fedor da humanidade hipócrita, com os ratos saindo dos bueiros da sociedade e a fossa transbordando pelas ruas onde a high society pisa. Mas não para por aí, há sempre um propósito maior por trás dos eventos pontuados pelos eclipses, que atuam de médio a longo prazo, desencadeando contextos distorcidos inicialmente, exacerbando o impacto destrutivo que possuem, para posteriormente haver uma mudança monumental do mindset individual e coletivo, um plot twist da vida real, capaz de mudar o curso da história humana. Aguardem.


•} DERRUBANDO A MURALHA: a tirania chega ao ponto de saturação

A conjunção Júpiter-Urano em Touro + Sol-Plutão (20 abril) 

Leia mais aqui: Plutão em Aquário | Júpiter-Urano

Chegamos então ao ponto alto do mês, talvez reverberando por meses, anos e décadas, uma verdadeira inseminação do turning point que tanto sonhamos para a humanidade: o surgimento de um novo paradigma. Muito provavelmente essa inseminação não seja tão óbvia a princípio, quem sabe esteja acontecendo por baixo dos panos ainda, talvez esteja camuflada por muitos outros fatores, mas ela está aí. Está aí o embrião de um novo mundo, que em algum momento irá nascer. Mas lembremos sempre, que antes de nascer o novo, existe para ser vivido todo um período de gestação e preparação, lapidação e transformação da mentalidade humana, até estarmos todos (talvez não todos, pelo menos alguns) preparados para o trabalho de parto. Lembrando sempre que nascer dói. Parir um novo mundo dói, respirar pela primeira vez dói. Então não vamos esperar moleza daqui para frente, pelo contrário, se queremos um mundo melhor, teremos que arregaçar as mangas e lutar por um mundo melhor. O novo mundo vai nascer de todo jeito, então que seja uma versão muito melhor deste mundão que já conhecemos, certo?

Júpiter-Urano se alinham no céu de 2024 e ativam uma potência explosiva de Plutão recém-chegado em Aquário (após mais de 240 anos, onde aí esteve pela última vez durante a Revolução Francesa e das Américas). A energia revolucionária aquariana desponta então com Plutão como um fator de efervescência e de transbordar de uma nova consciência coletiva, tecendo na sociedade humana uma mentalidade voltada para o mundo que queremos construir, um mundo em que (talvez, quem sabe) possamos colocar em prática os ideais da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade. Em sua versão distorcida, esse mesmo Plutão aquariano traz a tecnologia como fator dominante sobre o humano e as posturas dogmáticas se voltando para o controle da sociedade, um risco imente ao qual estamos todos vulneráveis. Aquário é um signo de sistemas, de inovação e de coletivo, Urano (seu regente contemporâneo) tem caráter individualista e excêntrico, ligado às tormentas e à eletricidade, à anarquia e às rupturas, no céu de agora ele está se expandindo com Júpiter, o maior planeta do sistema solar. Essa conjuntura celeste nos espelha uma Terra em r-evolução, uma vida na Terra em ebulição e uma humanidade vivente em plena transição de consciência. Só espero muito, que em pleno 2024, não seja necessário ter a guilhotina como um dos atores principais dessa atual revolução humana, já que vivemos em um mundo globalizado e, além de revolução, queremos também evolução, por favor.

•} REVIRAVOLTA IMPREVISÍVEL: nada será como antes

Mercúrio estacionário direto (25 abril) logo após a Lua Cheia de Plutão (23 abril) que não será eclipse. O resumo da ópera.

Agora vamos relembrar que Mercúrio esteve retrógrado todo o mês e foi o plano de fundo desse quadro geral que expliquei, sobre como está o céu visto da Terra. Mercúrio retrógrado isoladamente não necessariamente é sinal de tudo ruim acontecendo, salvo os períodos de estacionamento do planeta (no início e no fim da retrogradação, agora será
entre 31 março-2 abril // 24-26 abril), ao longo da retrogradação é muito possível que excelentes insights surjam como um clarão na consciência. Em especial, durante a conjunção inferior com o Sol (quando Mercúrio está retrógrado e Cazimi, que agora será dia 11 abril), é muito provável que seja vivido (de forma particular) um despertar de consciência para uma outra perspectiva de entender a vida, muito mais desperta e lúcida. Um novo ponto de vista interno, diante da realidade externa, pode muito bem ser alcançado pela consciência individual, durante uma retrogradação de Mercúrio bem vivida.

Para entender e aproveitar bem o período de Mercúrio retrógrado, é essencial saber que tudo de complicado e problemático que surge no mundo externo, só surge para que a consciência individual se volte para dentro, para a introspecção e reflexão. É um momento em que as trocas do Eu com o mundo ficam interditadas ou distorcidas, como um convite ou mesmo um ultimato da vida para que a individualidade se recolha e se reforme internamente, antes de se voltar outra vez para fora, para se projetar novamente para o mundo. Nesse sentido, podemos entender que toda a turbulência prevista para o mês de abril provavelmente será vivida pela consciência humana ainda com muita indefinição, muita distorção. As coisas não estarão claras agora, neste período as coisas não serão o que parecem ser, muito cuidado precisaremos ter com mentiras, calúnias e fofocas. Até porque muita coisa irá se reconfigurar depois de 25 abril 2024, nas semanas seguintes à retrogradação. O nosso trabalho agora será muito mais interno do que externo, de reflexão e introspecção, de reajuste interno das nossas posturas externas. Se surgirem insights construtivos melhor ainda, mas focar nas turbulências do mundo fora só irá confundir mais esse processo interno. Se se sentir no olho do furacão, lembre de respirar, às vezes só é preciso isso para manter o eixo interno e saber como seguir.


•} CHÁ DE REVELAÇÃO (é menino ou menina?): um novo tempo se anuncia

Com um olhar distanciado, diante do que promete surgir junto ao eclipse solar e da posterior conjunção Júpiter-Urano, podemos entender que neste mês a tormenta precede a inovação, que o caos precede uma nova ordem. Algo parece surgir no sentido de destruição ou de tragédia, algum fator cruel pode despontar como um dragão ferido que, prestes à ser derrotado, cospe ao redor seu último e incendiário fogo. Aqui fiz alusão ao patriarcado estrutural decadente, essa mentalidade de desigualdade e hierarquias, que insiste em resistir na mente de alguns (tanto homens quanto mulheres), diante da avalanche feminista, pró-minorias e anti-patriarcado. Meu palpite é que, se o eclipse chega abrindo o portal sombrio da "masculinidade tóxica", a posterior conjunção Júpiter-Urano surge como resposta a esse evento decadente, expandindo o portal de luz da nova ordem mundial (não no sentido conspiratório, mas sim de uma nova organização do sistema-mundo). Neste ponto é onde iremos ver a inseminação, a fecundação e o embrião de um novo paradigma, de um novo mundo. Um mundo que (creio eu, sonho eu) olha o ser humano não pela sua identidade, não pelo seu gênero, não pela sua escolha de gênero, não pelo seu status, não pelo seu credo, não pelas suas origens, não pelo que aparenta, não por suas particularidades, não por suas fragilidades, mas um mundo que vê sim o ser humano como ser humano, por ser humano. Afinal, somos todos iguais, mesmo vestindo realidades diferentes. Somos todos humanos.

Feliz Abril

As portas para o novo mundo ✨️🕯

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PARA UM MAIOR APROFUNDAMENTO SOBRE OS TEMAS DESTE TEXTO, DEIXO NOVAMENTE AQUI OS LINKS COMO SUGESTÃO DE LEITURA:


quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

20+ anos atuando como ASTRÓLOGA 🫶🏻

Como dizem por aí:

Quando eu cheguei,
tudo isso aqui era mato

🧙🏻‍♀️

PRIMEIRAS PALESTRAS PELA CNA EM 2009

🙂


• Fotos antigas •
(existem mais antigas ainda, que não achei)

🫶🏻

Alguns dos muitos encontros da CNA Fortaleza

❤️


segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Eclipse. Um portal entre dimensões.


* Considero importante destacar aqui, que tudo que escrevo neste texto extrapola os limites da Astrologia como conhecimento e técnica. Há quase uma década, venho expandindo meu conhecimento e consciência para novos saberes e minha percepção da vida se expandiu também, com a vivência de novos estudos, iniciações e caminhos iniciáticos. Passei anos me reciclando internamente e recentemente voltei a escrever sobre Astrologia, de uma forma completamente nova, agregando novos pontos de vista da realidade e da vida. Meu saber astrológico inevitavelmente se expandiu para contemplar a minha nova visão de mundo, na qual revisei profundamente todos os conhecimentos que havia adquirido ao longo da vida. Então, neste texto há muito mais que técnica astrológica, há aqui uma parte da minha alma e do meu caminhar, das minhas experiências pessoais e um mergulho na Astrologia como ferramenta de compreensão da vida e transformação da existência. É com carinho que compartilho um dos textos que mais amei escrever, minha antena estava especialmente afinada neste dia.
Aprecie sem moderação:



Venho aqui (e agora) me aprofundar nas reflexões sobre como funcionam os recados dos eclipses e os diversos fenômenos decorrentes deles na vida e na realidade. Mas primeiro precisamos entender como funciona a gestação dos acontecimentos na realidade da 3a dimensão, tendo em vista as dimensões mais sutis. Especialmente a 4a dimensão, que está muito próxima de nós aqui, que vivemos no concreto e no corpo físico (3a dimensão). 
Dimensão é uma palavra que faz referência a como é possível medir e perceber um fenômeno, partindo de um certo ponto de vista. No caso, a 1a dimensão é a dimensão de 1 ponto, a 2a dimensão é a da linha (2 pontos), a 3a dimensão é a do triângulo (3 pontos: altura + largura + profundidade = cria a forma), a 4a é a do tetraedro (a do triângulo com um 4o ponto de profundidade e perspectiva, um sólido de 4 lados) e assim vamos ampliando as possibilidades a cada dimensão.

Na 3a dimensão vivemos a matéria e podemos moldar e nos movimentar através do espaço. Já na 4a dimensão é possível moldar e se movimentar através do tempo (passado + presente + futuro = o aqui-agora ou o tempo relativo). Ou seja, na 4a dimensão é onde estão codificados os eventos ocorridos no passado, a infinidades de infos do presente e aqueles eventos que estão em processamento para ocorrer no futuro (é onde ficam, em grande parte, os registros akáshicos ou a biblioteca de luz de toda a existência).


A 4a dimensão é um mundo (imenso) muito ligado à matéria (3a). E 3a-4a dimensões se entrelaçam a todo tempo (espaço-tempo), definindo cada evento da realidade. É por isso que, para interpretar os símbolos da astrologia, usamos sempre as referências do céu visto em um espaço e tempo específico aqui neste planeta. A 4a dimensão também é a dimensão dos símbolos e códigos que se apresentam para nós em imagens (principalmente) dentre outros. Nela (4a) também estão codificadas as informações que surgem na maioria dos sonhos (há alguns que são de 5a), nos oráculos (tarot, búzios e etc.), sincronicidades e no contato com seres que não estão mais encarnados.

É importante saber que, quando nascemos, nossa consciência (que está na 4a dimensão) morre para a 4a e nasce para a 3a (como bebêzinho). Assim como quando nosso corpo morre para a 3a dimensão (a da matéria) nossa consciência nasce imediatamente na 4a dimensão (seja no baixo astral, no médio ou no alto astral da 4a). Nosso processo evolutivo, aqui no corpo físico, é ser capaz de perceber conscientemente as informações disponíveis nas dimensões cada vez mais sutis (4a.. 5a.. 6a...) e interpretar a vida da forma mais ampla possível, como os grandes mestres que estão na 5a dimensão (a da iluminação). Enquanto não chegamos lá, bora tentar pelo menos decifrar a 4a, certo?

Então, a 4a dimensão é um mundo tão gigante de informações e fenômenos que, se estamos desconectados da nossa essência e não exercitamos nossa intuição, podemos viver aqui na 3a perdidos e interpretar a realidade de uma forma muito distorcida e equivocada (em alguns casos até primitiva, focada só no instinto e na sobrevivência do corpo). Isso acontece porque temos como ferramenta de percepção da matéria os nossos 5 sentidos, para identificarmos os fenômenos desta dimensão do concreto (3a). O sexto sentido (intuição), que não é propriamente um sentido, mas sim a nossa capacidade de síntese, é que integra e interpreta as informações que coletamos com os 5 sentidos.

O sexto sentido (a intuição) é a nossa ferramenta que atua na 4a dimensão em nossa consciência, onde sintetizamos e damos significado aos fenômenos da realidade (3a). Uma excelente forma de estar sempre sintonizado, integrando construtivamente 3a e 4a dimensões, é nos estados meditativos e sonhos ou na interpretação das informações dos simbolos astrológicos ou mesmo quando nos propomos a observar e dar significado às sincronicidades, que acontecem a cada instante na vida ao redor. A 4a dimensão está muito muito muito próxima de nós (que vivemos em corpo na 3a) e está sempre nos enviando recados, apresentando perspectivas mais amplas e codificadas para nos guiar nesta vida concreta, tão cheia de complexidades.

Uma coisa muito importante de entender sobre como funcionam os acontecimentos da existência, é comprender que existe toda uma metafísica que envolve a gestação das coisas que surgem e que, primeiro elas se organizam nas dimensões mais sutis, para então "ir descendo" para a 3a dimensão. É como um download que "baixa" o material (fenômeno) que está na nuvem.
Ou seja, por exemplo, um casal que de repente se encontra e se apaixona na vida, na verdade já se encontrou na 5a dimensão e depois na 4a, para então acontecer de se encontrar na realidade da 3a (inclusive, tem gente que sonha com pessoas que não conhecem ainda, mas que vão aparecer logo em seguida em suas vidas). Outro exemplo seria a de uma pessoa que vive uma grande guinada na vida, que de repente ganha muito dinheiro e tem uma súbita expansão profissional de status, levando a novas experiências completamente diferentes das que tinha até então. Tudo isso para ser real na 3a dimensão, só surge quando bem antes já havia acontecido nas dimensões mais sutis, para enfim se tornar realidade.

A "nuvem" que mencionei aqui é uma metáfora de onde estão "pairando" os códigos (4a dimensão) que são apresentados o tempo todo para nossa consciência decodificar (quer percebamos ou não) e se guiar pelos caminhos à frente. Podemos usar como métodos de de-codificação aquelas mesmas ferramentas interpretativas que citei e muitas outras: sincronicidades, sonhos, astrologia, tarot, oráculos, numerologia, intuição, insights, déjà vu, atos falhos, chistes e etc. Então, é por isso que é possível sim interpretar os símbolos e fazer previsões daquilo que está codificado e se formulando na 4a dimensão. Dessa forma exercemos melhor nosso livre-arbítrio, nos posicionando de modo a conduzir nossa vida mais construtivamente, desviando previamente de possíveis desafios e aproveitando com maior planejamento as oportunidades de crescimento quando surgirem.

Tudo o que chamamos de espiritualidade é, nada mais nada menos, que estar sintonizado a todo momento com os símbolos das dimensões mais sutis (4a e 5a) e assim conduzir nossa vida com mais sentido e significado. Estar constantemente integrando os símbolos e mensagens das dimensões mais sutis traz essa sensação de plenitude, completude e conexão com o todo, ao nos permitir criar coerência em tudo que é vivido. Além de nos permitir estar precavidos, desviando possivelmente das versões mais negativas da expressão dos símbolos. Inclusive, podemos buscar trabalhar todas essas mensagens codificadas através dos canais que mais sentimos afinidade.

Podemos buscar uma forma intimista e transformadora de trabalhar internamente os símbolos, intencionando canalizar seus significados no sentido de gerar progresso, evolução e expansão da consciência. Seja em processos psicológicos terapêuticos ou nas múltiplas possibilidades de expressão artistica, nos rituais de conexão e despertar espiritual ou mesmo nas vivências curativas com alucinógenos. Assim como em momentos de oração e cerimônias religiosas profundas, rituais com cristais, reiki ou iniciações, ou ainda em contatos com a natureza, animais e os 4 elementos (as possibilidades de conexão são infinitas). Afinal, exercemos melhor nosso livre-arbítrio dessa forma, do que se escolhermos nos manter desconectados, sendo levados pela vida como um barco à deriva. 

Com tudo o que falei aqui até agora, parece até que estou fugindo do tema do texto, mas na verdade esta explicação é fundamental para entender como funciona a decodificação simbólica da astrologia e mais especificamente ainda quanto aos eclipses. Porque eles (os eclipses) trazem informações do surgimento da movimentação de aspectos muito rústicos da realidade, de aspectos mundanos e terrenos muito voltados para o instinto e a sobrevivência da Terra (como uma entidade consciente e vivente). 
Os eclipses canalizam informações de energias tão únicas, raras e intensas no funcionamento da vida na Terra, que bagunçam toda essa lógica das diversas dimensões da realidade. O alinhamento entre Sol-Lua-Nodos-Terra, que acontece durante os eclipses, é um fenômeno que surge como um raio, cortando e atravessando as diversas dimensões da existência. Esse corte, esse raio ou fissura interdimensional, pode ser entendida como um portal, onde fenômenos, informações e coisas bizarras surgem, pegando todos nós (presunçosos seres humanos que somos e acreditamos saber tudo do universo) de surpresa. Na verdade, mais sábio seria reconhecer que: o que conhecemos é uma gota, o que desconhecemos é um oceano.

É então a partir dessa consciência, que aqui podemos inverter o processo a nosso favor do que surge vinculado ao eclipse, convertendo sua potência em algo positivo, convertendo destruição em regeneração. É este mesmo fenômeno (eclipse), que surge na realidade (3a dimensão) e que sinaliza a abertura de um portal que atravessa os diversos níveis interdimensionais (trazendo conteúdos de bizarrices e sombras), que é o fenômeno igualmente capaz de produzir um canal extremamente potente de cura e libertação de emaranhados sistêmicos, dos mais complexos e difíceis da vida aqui na Terra. Os eclipses são um fenômeno que despontam como uma bagunça, tanto na vida física como na metafísica da existência, de tal forma que, se bem usado, pode se converter na grande chave que faltava para destravar o maior dos males, o mais desafiador dos problemas, a mais dolorosa das dores. É o veneno que cura o mal. É o abscesso que estoura e supura e supera e libera o corpo da dor.

Se entendermos que, todas as dimensões da existência são simplesmente diversas perspectivas de olhar a vida (ampliando e trazendo cada vez mais compreensão de como tudo funciona), podemos da mesma forma pegar essa lógica e entender que: os símbolos que decodificamos na existência (e que podem vir de forma desafiadora ou assustadora, a principio), basta serem esmiuçados e conduzidos com perspicácia, para se tornarem um dragão domado, cuspindo fogo no alvo correto. Sendo assim, um agente de libertação, cura, integração e expansão da vida, transmutando toda dor em amor. Afinal, todo fenômeno da existência possui o seu lado sombra e o seu lado luz, podendo se tornar tanto um agente de destruição como de regeneração da potência de vida. Tudo depende do nosso grau de consciência (e sabedoria) em conduzir cada contexto da vida.


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